
Quis o Tempo doar-me um infinito minuto.
Numa praia deserta em pleno Outono ele, islâmico, devoto e fervoroso crente, disse-me com olhar sério: não devemos orar durante o pôr-do-sol.
Eu olhei para o mar ao entardecer, iluminado pela força tangente da última luz e, sem palavras, perguntei porquê.
Porque se confunde com uma oração ao Sol, fonte de vida, mas não da Vida.; porque nos tempos do paganismo se orava ao Sol para que ele regressasse no dia seguinte; porque...
Olhei-O de frente, agora que já se punha vermelho forte no fim do oceano, em horizonte límpido.
Ficámos em silêncio, fitando-O em olhares paralelos. Sem a noção do tempo...
Quando nos desapareceu do olhar mergulhando no mar, deixando-nos uma luz de matizes efémeras, olhámo-nos de frente e sorrimos, suavemente.
Eu orei - disse-lhe, sem palavras.
Ele percebeu. E perdoou-me também.
Sem comentários:
Enviar um comentário